Gravataí terá um megacomplexo de resíduos de R$ 200 milhões

Parque Ambiental está em construção na Costa do Ipiranga e pretende ser referência no tratamento de diversos tipos de lixos gerados nas cidades

Gravataí – Com um investimento estimado em R$ 200 milhões, está em construção em Gravataí um empreendimento que pretende ser referência no Brasil no recebimento e tratamento de resíduos domésticos, industriais e de saúde, entre outros. Localizado em uma área de 270 hectares na Costa do Ipiranga, a operação vai iniciar pelo recebimento de resíduos de inertes resultantes da construção civil.
A planta tem uma previsão de conclusão de 5 a 10 anos e ao final deste período estarão em operação cinco unidades de recebimento de lixo conforme suas classificações, uma estação de tratamento de efluentes e uma usina de geração de energia através do biogás. A projeção é de geração de até 1 mil empregos ao final da implantação do projeto.

O empreendimento chamado de Parque Ambiental de Gravataí é do Grupo Centauro e seu sócio-diretor, Diego Núñez, explica que não se trata de um lixão. Todas as unidades projetadas vão utilizar as mais modernas tecnologias para o tratamento de resíduos e somente o que não puder ser aproveitado de nenhuma forma será destinado para as áreas de aterros para a decomposição natural. A parque terá, por exemplo, uma termelétrica a biogás fazendo o aproveitamento do resultado da decomposição de resíduos que forem destinados a aterros.

Núñez destaca que a área escolhida para receber o investimento é considerada de sensibilidade muita baixa segundo o Mapa de Diretrizes para o Licenciamento Ambiental de Aterros Sanitários no Estado do RS. Todas as operações seguirão as diretrizes para o licenciamento ambiental. Um dos destaques é o tratamento de chorume, o resultado da decomposição de resíduos. Uma das empresas do grupo, a EGTE já opera um projeto pioneiro no Aterro Santa Tecla fazendo o tratamento do chorume no processo de recuperação da área monitorado pela Fepam e Ministério Público. No Parque Ambiental, o chorume será tratado da mesma forma e no final sairá uma água de reuso.

Toda a estrutura, conforme Núñez vai proporcionar uma economia para prefeituras de toda a região. Gravataí, por exemplo, vai ter uma economia estimada por ele de R$ 6 milhões anuais, pois em vez de mandar o lixo doméstico para Minas do Leão, poderá deixa-lo na cidade mesmo.

O que vai ter no Parque Ambiental

Unidade de Resíduos Urbanos

A Unidade de Resíduos Urbanos será uma obra composta por área impermeabilizada, malha de drenagem de chorume, biogás e águas pluviais. Ela terá um controle geotécnico e monitoramento da qualidade do ar e de águas subterrâneas. Esta unidade terá uma triagem automatizada para separar os recicláveis e demais insumos que possam ser reaproveitáveis. Esta operação vai reduzir a destinação final dos rejeitos na área definida para o aterro sanitário. Esta unidade vai receber o lixo orgânico de domicílios e também os resíduos originários da varrição e limpeza de ruas.

Unidade de Resíduos Industriais

Ela vai receber os resíduos gerados em processos produtivos e instalações industriais. Estes resíduos, conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), são classificados em perigosos, não perigosos/não inertes e não perigosos/inertes. O lixo gerado pela indústria é diversificado e pode ser composto de solventes, lodos, cinzas, óleos, ácidos, borracha, metais, plásticos, papel, madeira e vidro, entre outros. Esta unidade do Parque Ambiental terá três setores. O primeiro será a preparação do terreno com nivelamento e impermeabilização contando com o sistema de drenagem para captação do chorume e biogás. No segundo, haverá a separação do lixo conforme seu tipo e o terceiro, a destinação final no aterro. Conforme o tipo de resíduo, ele passará por um pré-tratamento podendo ser estabilização, solidificação, encapsulamento ou neutralização. O lixo que não puder pegar água da chuva, será disposto sob uma cobertura.

Unidade de Resíduos da Construção Civil

Esta unidade vai receber resíduos provenientes de construções, reformas, reparos, demolições de obras e de escavações de terrenos. Haverá uma triagem do material para ser feita a separação conforme a classificação do material. O que não for possível ser reciclado será destinado para a área de aterro. A intenção da empresa é a de comercializar tudo o que for possível ser reaproveitado ficando no local para a destinação final somente aquilo que não tiver nenhum tipo de aproveitamento.

Unidade de Resíduos de Saúde

A unidade vai receber todo o tipo de resíduos gerados em serviços de saúde humana e animal, inclusive animais mortos. Ela estará apta a tratar os resíduos através do processo de gaseificação, que consiste em um processo termoquímico de conversão de matéria sólida ou líquida em um combustível gasoso, na presenta de uma quantidade certa de oxigênio. É um processo intermediário entre a incineração e a pirólise. Isto significa que o ar/oxigênio é inserido no reato, mas a quantidade não é suficiente para permitir que o combustível seja completamente oxidado. Conforme a empresa, este processo é de uma tecnologia promissora para a utilização de biomassa devido ao baixo impacto causado ao meio ambiente, além de possibilitar a geração de energia renovável.

Unidade de Resíduos Eletrônicos

A unidade, segundo a empresa, vai contar com uma equipe especializada em avaliar as condições de uso dos aparelhos eletrônicos de modo a disponibilizar os itens em funcionamento para doações a entidades. Já o que sobrar passará por uma desmontagem e triagem para possibilitar a reciclagem. O que sobrar será destinado para uma área de aterro. A intenção da empresa é fazer parceria com fabricantes para disponibilizar o sistema de logística reversa, ou seja, o consumidor entrega ao fabricante o equipamento que não vai utilizar mais e ele o destina para esta unidade.

Unidade de Tratamento de Efluentes

Após a disposição final dos resíduos nas unidades anteriores, inicia-se o seu processo de decomposição que resulta em dois subprodutos: o chorume, que será coletado e enviado para tratamento nesta unidade, e o biogás, que vai para a Unidade de Termelétrica a Biogás (Veja no tópico seguinte o que é). O Parque Ambiental vai ter, então, um serviço de tratamento do chorume e demais efluentes gerados em todas as unidades de resíduos e também vai poder receber efluentes gerados pela indústria. Nesta unidade, após o tratamento, os efluentes serão transformados em água de reuso.

O nome Parque Ambiental se deve ao fato de haver uma união entre práticas sustentáveis ambientais com econômicas e sociais, cumprindo com o que determina a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O projeto prevê um rigoroso sistema de controle e monitoramento da qualidade do ar e de águas subterrâneas.

Unidade Termelétrica a Biogás

O biogás um é gás combustível produzido pela decomposição biológica da matéria orgânica. Nos lixões sem planejamento e tecnologia, esse gás vai para a atmosfera contribuinte para o efeito estufa e aquecimento global. Nesta unidade, o biogás captado nas unidades de resíduos urbanos e industriais será direcionado, por meio de tubulações, para a geração de energia. Esta energia produzida será comercializada pela empresa e será mais uma fonte de renda para ela, além de evitar a poluição atmosférica.

Complexo Industrial de Resíduos

Em uma área inicial de 60 mil metros quadrados, será construído um complexo industrial destinado à instalação de empresas correlatas do setor de resíduos, desde operadores logísticos e fornecedores das diversas operações realizadas no parque até indústrias de diversos segmentos que necessitem de tratamento ambientalmente adequado para os rejeitos derivados de seus processos produtivos.

Parque Fotovoltaico

Em uma área inicial de 7 mil metros quadrados, será instalado o parque fotovoltaico com 1.830 módulos de 500w. Ele vai gerar energia suficiente para o consumo de 700 casas populares por ano. Essa energia gerada, contudo, vai servir para o Grupo Centauro diminuir as contas de energias das diversas empresas que fazem parte dele.

Incubadora de Startups

O Parque Ambiental pretende destinar um terço da área de seu prédio administrativo para a instalação da incubadora de startups. Conforme a empresa, trata-se de uma estrutura que visa prestar apoio não apenas ao alojamento, mas também ao aconselhamento e, possivelmente, ao financiamento de ideias inovadoras.

Fonte: oreporter.net